Penso que talvez seja útil inaugurar este espaço com uma reflexão que seja útil à nossa profissão. Decidi então postar algo como que ultimamente me inquieta um pouco (não muito): a relação da historiografia contemporânea com o imaginário e o material. Parece que estes dois pólos quase nunca vem se tocando na escrita da história, sendo que um é sempre deixado de lado devido ao outro. Se, por um lado, os marxistas se concentraram durante longo tempo na apreensão das relações socias atráves das bases materiais e do estruturalismo, a chamada Nova História Cultural parece se perder em meio à um mundo construído à base de representações. Parece até mesmo que nunca houve nada "sólido" para se "desmanchar no ar".
Deixando de lado as breves provocações, creio que devemos fazer um duplo movimento: refletir e considerar sobre algumas posições colocadas por aqueles que pensaram as representações e o imaginário, e por outro lado, olhar para o legado importantíssimo que os marxistas nos deixaram, e recordar que não há imaginário feito sem os homens, e que o material - aqui penso não só nos aparatos estruturais de nossa sociedade, mas também no próprio ser humano, constituído por carne e osso - é a matéria-prima e o sentido da historiografia. Eu diria que mais que isso, é na matéria, no compromisso com a vida, que a historiografia encontra sua utilidade. Considero também, que para que avencemos na problematização do imaginário é preciso dialogar não só com os "representativistas", mas também com aqueles que estudam o imaginário através do ficcional. Neste ponto contamos ainda com um dos grandes teóricos da área: Luiz Costa Lima.
Concluindo este breve texto - no qual mais inicio que termino uma discussão -, acredito que nosso grande desafio é saltar de àreas específicas do conhecimento historiográfico - bastante conservador, não se iludam - e ir buscar em um diálogo real com outras àreas, a construção de um conhecimento cada vez mais complexo e aberto.
